O governo da França afirmou nesta sexta-feira (25) que só vai aceitar a realocação de solicitantes de refúgio abrigados na Itália se o país abrir seus portos para os navios que realizam resgates no Mediterrâneo.
"Se a Itália não pega os navios e não aceita a lei do mar e do porto seguro mais próximo, não há motivo para que os países que fazem as recolocações sejam França ou Alemanha", disse o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin.
A declaração foi dada à margem de uma reunião de ministros do Interior dos Estados-membros da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica, convocada justamente para discutir a crise migratória no Mar Mediterrâneo.
O encontro foi realizado após as turbulências entre Itália e França por conta do navio humanitário da ONG francesa SOS Méditerranée, o Ocean Viking, que esperou mais de duas semanas pela designação de um porto seguro para desembarcar 234 migrantes salvos no mar.
Após ter sido recusado na Itália, que seria o porto seguro mais próximo, o navio teve de navegar até Toulon, na França, a mais de mil quilômetros de distância.
Em retaliação, Paris suspendeu um acordo para acolher 3,5 mil solicitantes de refúgio que vivem na Itália e aumentou os controles na fronteira entre os dois países. Além disso, as autoridades francesas negaram permissão de estadia para 123 dos 234 deslocados internacionais resgatados pelo Ocean Viking.
No entanto, Vít Rakusan, ministro do Interior da República Tcheca, país que ocupa a presidência rotativa da UE, disse nesta sexta que tem a sensação de que a tensão entre França e Itália "já passou".
No início da semana, a Comissão Europeia apresentou um plano de ação com 20 medidas para combater a crise migratória, incluindo a aceleração das repatriações e uma abordagem coordenada para resgates no Mediterrâneo.
Outro pilar é a "implantação do mecanismo voluntário de solidariedade", instrumento para redistribuir por toda a UE os solicitantes de refúgio que chegam na costa italiana, mas boicotado por boa parte dos Estados-membros do bloco, principalmente no leste europeu.
O poder Executivo da UE ainda sugeriu a promoção de discussões na Organização Marítima Internacional (OMI) para a criação de diretrizes voltadas a embarcações que fazem ações de busca e socorro. (ANSA)
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