(ANSA) - Dois navios humanitários socorreram neste sábado (7) 110 pessoas que tentavam atravessar o Mediterrâneo Central, entre o norte da África e o sul da Itália, em botes infláveis superlotados.
O primeiro resgate foi conduzido pela embarcação Ocean Viking, da ONG SOS Méditerranée, em águas internacionais na costa da Líbia e salvou 37 migrantes, alguns deles com sinais de intoxicação e queimaduras por combustível.
Pouco depois, o navio Geo Barents, de Médicos Sem Fronteiras (MSF), socorreu 73 pessoas, incluindo 16 menores de idade desacompanhados, em outro bote inflável.
As duas embarcações humanitárias receberam indicação das autoridades italianas de levar os migrantes para o porto de Ancona, a mais de 1,5 mil quilômetros do local dos resgates, gerando protestos das ONGs, que cobram destinos mais próximos.
"O Ocean Viking pediu às autoridades marítimas italianas um porto seguro mais próximo para desembarcar os 37 sobreviventes. A exposição repetida ao mau tempo durante uma viagem prolongada pode ser prejudicial ao seu bem-estar e criar riscos significativos para sua saúde nos próximos dias", diz uma nota divulgada pela SOS Méditerranée no Twitter.
Segundo a ONG, são necessários quatro dias de navegação para chegar até Ancona, sendo que o sul da Itália possui "diversos portos mais próximos que podem ser indicados para os sobreviventes desembarcarem o quanto antes".
2/2 Located in central eastern #Italy, the port of #Ancona, assigned as Place of Safety this morning imposes a 4-day navigation. A number of closer ports located in the south of Italy can be designated for survivors to disembark as soon as possible, as per maritime conventions. pic.twitter.com/AiJejqc4Uq
— SOS MEDITERRANEE (@SOSMedIntl) January 7, 2023
"Com base nas leis internacionais marítimas, a Itália deve designar o local seguro mais próximo ao Geo Barents", reforçou Juan Matías Gil, chefe de missão de MSF.
Ao forçar os navios humanitários a navegar para portos mais distantes, a Itália reduz seu tempo de atividade nas áreas de socorro no Mediterrâneo e aumenta o custo das viagens para as ONGs.
Essa estratégia começou a ser implantada pelo governo da premiê Giorgia Meloni nas últimas semanas, em meio a uma série de medidas para tentar conter os fluxos migratórios no Mediterrâneo.
Na última terça-feira (3), entrou em vigor um decreto que obriga navios de ONGs a navegar para o porto designado pelas autoridades italianas imediatamente após cada resgate, além de determinar que os solicitantes de refúgio sejam informados sobre a possibilidade de pedir proteção internacional no país de bandeira da embarcação humanitária.
As entidades que violarem as regras estarão sujeitas a multas de até 50 mil euros e ao confisco de seus navios.
Em 2022, a Itália recebeu cerca de 105 mil deslocados internacionais via Mediterrâneo, um crescimento de mais de 50% na comparação com o ano anterior, segundo o Ministério do Interior. Considerando apenas os cinco primeiros dias de 2023, são 2,6 mil migrantes, quase seis vezes mais que no mesmo período do ano passado. (ANSA)
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