O papa Francisco recebeu nesta segunda-feira (7) no Vaticano o chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, o arcebispo-mor Sviatoslav Shevchuk, e reforçou sua proximidade ao "martirizado povo" do país por conta da guerra iniciada pela Rússia. A instituição que segue o rito bizantino está em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana.
Segundo nota divulgada pelos ucranianos, o líder religioso entregou para o pontífice um fragmento de uma mina russa que destruiu a fachada da igreja greco-católica na cidade de Irpin, próxima a Kiev, em março deste ano.
"Uma doação particularmente simbólica não só porque Irpin foi uma das primeiras 'cidades-mártires' atingidas pela agressão russa na Ucrânia, mas também porque peças similares são extraídas dos corpos de militares, civis e crianças ucranianas, sinal visível da destruição e da morte que a cada dia avança com a guerra", informou a instituição.
Partes da cidade de Irpin chegaram a ficar sob controle das tropas russas por cerca de um mês, mas a localidade foi libertada pelos militares ucranianos ainda em março.
Francisco ainda "encorajou" o arcebispo-mor e os religiosos ucranianos a fazerem um "serviço evangélico de proximidade ao povo sofredor, oprimido pelo medo e pela violência bélica". O Papa ainda reforçou o compromisso da Santa Sé para por fim à guerra e para a chegada da paz.
Após a divulgação da nota, Shevchuk falou com jornalistas vaticanos sobre o encontro e afirmou que "a guerra na Ucrânia é uma guerra colonial e as propostas de paz que vem da Rússia são propostas de pacificação colonial".
"Essas propostas implicam a negação da existência do povo ucraniano, da sua história, cultura e também da nossa Igreja. É a negação da existência do Estado ucraniano, reconhecido pela comunidade internacional com a sua soberania e sua integridade territorial. Sobre essas premissas, as propostas da Rússia têm a ausência do diálogo", afirmou o religioso.
Schevchuk ainda relatou que contou ao líder católico sobre o serviço feito por "nossos bispos, sacerdotes, monges e freiras no territórios atualmente ocupados" e que "todos os nossos pastores permanecem ao lado do povo sofredor".
A guerra na Ucrânia é tema recorrente das mensagens e celebrações do papa Francisco desde seu início. Além disso, há cerca de duas semanas, a França apresentou uma proposta de negociações de paz com a intermediação do pontífice para a Rússia. Mas, segundo o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, a sugestão "não deu passos adiante" em Moscou.
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