(ANSA) - O Vaticano publicou nesta segunda-feira (8) uma declaração sobre a dignidade humana na qual afirma que as pessoas devem ser respeitadas "independentemente de sua orientação sexual", mas alerta para os supostos perigos da assim chamada "teoria de gênero".
O documento "Dignitas Infinita" tem 26 páginas, foi elaborado ao longo dos últimos cinco anos e remete ao 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948.
"A Igreja deseja, em primeiro lugar, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, cuidando de evitar toda marca de injusta discriminação e particularmente toda forma de agressão e violência", diz o texto, que reúne uma série de declarações dadas pelo papa Francisco nos últimos anos.
"Por esta razão, denuncia-se como contrário à dignidade humana o fato que, em alguns lugares, não poucas pessoas são encarceradas, torturadas e até mesmo privadas da vida unicamente pela sua orientação sexual", alerta o Vaticano.
No entanto, a Igreja Católica também "evidencia os intensos pontos críticos da teoria de gênero", com "tentativas de introduzir novos direitos não plenamente consistentes em relação àqueles originalmente definidos e não sempre aceitáveis", dando espaço a "colonizações ideológicas".
"Tem um papel central a teoria de gênero, que é perigosíssima porque cancela as diferenças na pretensão de tornar todos iguais", acrescenta o documento, que ressalta que essa tendência "propõe uma sociedade sem diferenças de sexo e esvazia a base antropológica da família".
A Igreja também se coloca contra a mudança de sexo e diz que as pessoas devem se aceitar "assim como foram criadas".
"Qualquer intervenção de mudança de sexo normalmente se arrisca a ameaçar a dignidade única que a pessoa recebeu desde o momento da concepção", salienta o texto.
Nos últimos meses, o Papa tem sido alvo de ataques de membros do clero ultraconservador por ter autorizado a bênção para casais homoafetivos, desde que essa prática não tenha caráter ritualístico nem seja confundida com o sacramento do matrimônio.
Além disso, o Vaticano confirmou recentemente que pessoas transgênero podem ser batizadas e apadrinhar outros indivíduos.
Um arcebispo italiano, o ex-núncio em Washington Carlo Maria Viganò, chegou a acusar Francisco de ser um "servo de Satanás" e "usurpador" por conta de suas aberturas a homossexuais. (ANSA)
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