Um governador italiano de extrema direita defendeu nesta quarta-feira (30) que refugiados de países com longo histórico de conflitos e tensões, como Afeganistão e Paquistão, não recebam o mesmo tratamento que ucranianos.
Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, a Itália já acolheu cerca de 77 mil refugiados da Ucrânia, quase 12 vezes mais do que o número de deslocados internacionais que entraram no país pela rota do Mediterrâneo desde o início de 2022 (6,7 mil).
Os migrantes e refugiados da via marítima são provenientes da África e da Ásia, e sua chegada aos portos italianos é um dos cavalos de batalha preferidos da extrema direita.
"Surpreende a ideologia com a qual esse assunto é abordado. O drama do povo ucraniano demonstra o que significa a imigração bélica. Não por acaso, 90% das pessoas que chegam da Ucrânia são mulheres ou crianças. Se misturarmos os fluxos, darmos as mesmas respostas aos jovens afegãos e paquistaneses que chegam aqui e os colocarmos com mulheres e crianças ucranianas, não será justo e correto com as pessoas que fogem da guerra", afirmou o governador de Friuli Veneza Giulia, Massimiliano Fedriga, expoente do partido de ultradireita Liga e também presidente da Conferência das Regiões da Itália.
"Não se trata de discriminação, mas sim de bom senso. Existe quem foge da guerra e é certificado e existe quem não obtém o status de refugiado porque não foge de uma guerra", acrescentou.
De acordo com o Ministério do Interior italiano, o país já recebeu 469 refugiados do Afeganistão em 2022. O país da Ásia Central enfrentou 20 anos de guerra após a invasão americana de 2001 e, em agosto passado, voltou a ser governado pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã, conhecido pela sistemática violação dos direitos humanos, especialmente das mulheres.
Segundo a convenção das Nações Unidas sobre o tema, tem direito a refúgio alguém que, "temendo ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou político, encontra-se fora do país de sua nacionalidade e não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção dessa nação".
Ou seja, um país não precisa necessariamente estar em guerra para que um deslocado internacional seja considerado como refugiado, condição também reconhecida a pessoas que fogem de perseguições em regimes autoritários ou até em democracias. (ANSA)
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