A Itália assinou nesta segunda-feira (11) um acordo para aumentar suas importações de gás natural da Argélia.
Com isso, o país africano deve superar a Rússia como principal fornecedor do produto para o mercado italiano, que tenta reduzir sua dependência energética em relação a Moscou por causa da guerra na Ucrânia.
O pacto foi firmado durante uma visita oficial do premiê Mario Draghi e do ministro das Relações Exteriores Luigi Di Maio a Argel, capital da Argélia. A delegação ainda teve a presença de Claudio Descalzi, CEO da ENI, principal empresa italiana de óleo e gás.
"Nossos governos assinaram uma declaração de compromisso sobre a cooperação bilateral no setor de energia. Soma-se a isso o acordo entre a ENI e a [estatal argelina] Sonatrach para aumentar as exportações de gás para a Itália", declarou Draghi após uma reunião com o presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune.
"Logo após a invasão à Ucrânia, eu tinha anunciado que a Itália agiria rapidamente para reduzir sua dependência do gás russo. Os acordos de hoje são uma resposta significativa a esse objetivo estratégico", acrescentou o premiê. Segundo Draghi, a declaração de compromisso ainda prevê investimentos conjuntos em "energias renováveis e hidrogênio verde".
"Queremos acelerar a transição energética e criar oportunidades de desenvolvimento e trabalho", disse. A Argélia é a escolha mais óbvia para a Itália reduzir sua dependência do gás russo, uma vez que os dois países já são conectados por um gasoduto - o TransMed - que parte do deserto argelino, atravessa a Tunísia e o Mar Mediterrâneo e chega à Itália pela Sicília.
Até 2021, a Rússia respondia por cerca de 40% das importações italianas de gás natural, com 29 bilhões de metros cúbicos por ano. Já a Argélia aparecia na segunda posição, com aproximadamente 22,6 bilhões de metros cúbicos. O objetivo desses novos acordos é fazer com que o montante fornecido pelos poços argelinos suba para mais de 30 bilhões de metros cúbicos por ano.
"Tal acordo utilizará a capacidade de transporte disponível para garantir maior flexibilidade de abastecimento energético, fornecendo gradualmente volumes crescentes de gás a partir de 2022, até 9 bilhões de metros cúbicos de gás [a mais] por ano em 2023-24", diz uma nota da ENI.
No entanto, o próprio governo italiano estima que serão necessários cerca de 30 meses para se tornar independente do gás russo. (ANSA)
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