Terminou sem vencedor a primeira votação no Parlamento da Itália para eleger o próximo presidente da República, realizada nesta segunda-feira (24).
Como já era esperado, nenhum candidato alcançou a maioria qualificada de dois terços dos votos (672 de um total de 1.008), já que os principais partidos do país decidiram votar em branco enquanto ainda negociam para chegar a um consenso.
A próxima votação está prevista para esta terça-feira (25), e o pleito seguirá com um escrutínio por dia até que haja um vencedor. No entanto, a partir da quarta votação, um candidato precisará obter apenas a maioria simples (505 votos).
Além disso, o colégio eleitoral deve voltar a ter 1.009 integrantes, com a proclamação nesta terça do substituto de Enzo Fasano, deputado morto no último domingo (23). Atualmente, o conjunto de eleitores é formado por 629 deputados, 321 senadores e 58 delegados regionais.
A votação desta segunda terminou com 672 cédulas em branco e 49 nulas. O candidato mais votado foi o jurista Paolo Maddalena, apoiado por dissidentes do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), com 36 votos.
Em seguida aparecem o presidente Sergio Mattarella (16), a ministra da Justiça, Marta Cartabia (9), e o ex-premiê Silvio Berlusconi (7). Também não faltaram os tradicionais votos de protesto ou de brincadeira, como para o ex-premiê Bettino Craxi (4), morto em 2000; o dono da Lazio, Claudio Lotito (2); e o ex-goleiro da seleção italiana Dino Zoff (1).
976 dos 1.008 eleitores participaram da votação.
Negociações
O dia foi marcado por intensas negociações entre os líderes dos partidos que compõem a base aliada do premiê Mario Draghi, um dos cotados para substituir Mattarella na Presidência.
Matteo Salvini, secretário federal da legenda de ultradireita Liga, teve reuniões separadas com os ex-primeiros-ministros Enrico Letta e Giuseppe Conte, líderes do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) e do M5S, respectivamente.
"Abrimos um diálogo, e isso é algo positivo", declarou Letta após o encontro com Salvini. As tratativas permaneceram congeladas até o último fim de semana e só ganharam corpo com a desistência de Berlusconi, que insistia em ser presidente apesar das negativas de PD e M5S.
Draghi continua sendo o mais cotado, mas ele só irá ao Palácio do Quirinale se os partidos da situação fecharem um acordo sobre um novo primeiro-ministro - a atual legislatura termina apenas em 2023.
O próprio Draghi conversou nesta segunda com Salvini, Letta e Conte, entrando ativamente nas negociações. O objetivo da base aliada é encontrar um nome de consenso para a Presidência e evitar eventuais rupturas na situação, o que poderia até provocar a queda do governo.
Já o partido de ultradireita Irmãos da Itália (FdI), única grande força de oposição ao atual governo, propôs o jurista Carlo Nordio, ex-procurador que trabalhou na Operação Mãos Limpas e em inquéritos sobre o grupo terrorista de esquerda Brigadas Vermelhas.
Por sua vez, pequenos partidos de centro defenderam a nomeação da ministra Cartabia. Outros cotados são o senador de centro Pier Ferdinando Casini e o próprio Mattarella, que, no entanto, não quer saber de reeleição e já iniciou até sua mudança do Palácio do Quirinale.
Apesar de ter um papel mais institucional do que político, o presidente da Itália está longe de ser uma figura meramente cerimonial e tem poder para influenciar os rumos do país, nomeando premiês, barrando indicações de ministros e até cobrando a aprovação de leis do interesse da nação.
O próprio Draghi é uma escolha pessoal de Mattarella para solucionar a crise aberta após a queda de Conte, em janeiro passado, e hoje lidera um governo de união nacional. (ANSA)
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