Diversas entidades da sociedade civil lançaram nesta segunda-feira (18) um apelo em defesa da continuação do governo do primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, que teve sua renúncia rejeitada pelo presidente Sergio Mattarella na semana passada.
O documento é assinado por associações católicas, antimáfia, de ambientalistas e cooperativas, juntando-se a uma carta aberta firmada por mais de mil prefeitos italianos para pedir a manutenção de Draghi no poder.
"Nós, representantes de associações, movimentos e organizações da sociedade civil, expressamos profunda e sincera preocupação com a crise de governo. Apesar das diferentes avaliações que possam existir sobre a responsabilidade dos atores em campo, acreditamos que não precisamos de uma crise", diz o apelo.
"Todos vamos pagar as consequências, sobretudo quem já foi ou será mais atingido pela convergência, em uma tempestade perfeita, de diversas crises longe de estarem resolvidas, como a guerra, o êxodo de refugiados e de tantos pobres, a inflação, a explosão da desigualdade, a pandemia e as devastações resultantes da crise climática", acrescentam as associações.
O documento reconhece que as eleições legislativas já estão próximas, mas destaca que ainda há muitas questões em aberto antes de levar o país às urnas, como a implantação de medidas econômicas para compensar famílias pela disparada da inflação.
No poder desde fevereiro de 2021, Draghi renunciou ao cargo após um dos principais partidos da base aliada, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que enfrenta uma drástica queda de popularidade, ter boicotado um voto de confiança no Parlamento.
No entanto, o presidente Mattarella rejeitou a renúncia e pediu que o premiê volte à Câmara dos Deputados e ao Senado para ver se ainda tem condições de governar, etapa que está prevista para a próxima quarta (20).
Quase todos os partidos da coalizão de união nacional encabeçada por Draghi se mostraram disponíveis a renovar o mandato do premiê, porém o M5S, pivô da crise, ainda não disse o que pretende fazer.
Caso sobreviva, o economista deve governar a Itália até o primeiro semestre de 2023, quando termina a atual legislatura. Do contrário, Mattarella deve dissolver o Parlamento e convocar o país às urnas ainda neste ano, provavelmente em setembro ou outubro.
Eleições legislativas no segundo semestre são raras na Itália, uma vez que esse período costuma ser dominado pelas discussões para aprovação da Lei Orçamentária do ano seguinte.
Como as negociações para formação de governos costumam demorar - em 2018, foram necessários três meses após as eleições para empossar um premiê -, os defensores da continuação de Draghi temem que a Itália entre em 2023 sem um orçamento. (ANSA)
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